sábado, 24 de setembro de 2011

A DEMON-CRACIA QUE NÓS TEMOS

 Epitácio Rodrigues
Viva a democracia
Onde o juiz, arbitrariamente, arbitra na base da canetada para satisfazer pretensões subjetivas, num “direito culinário”, ao gosto do chef(e).

Viva a democracia
Onde o legislativo é camaleão, sem cor, sem identidade, mas tem valor- desde que seja econômico – e que “partido” é só o espólio que lhe toca dos valores distribuídos pelo executivo.

Viva a democracia
Onde o povo tem o direito de eleger uma imagem maquiada de salvador da pátria - o que não faz um marqueteiro? - e vê ser empossado um ditador para representar a promoção da sua miséria, de seu abandono e descaso.

Viva a democracia
Onde o um grupo de analfabetos políticos - que transformam associações de moradores, escolas, igrejas em currais eleitorais; que vendem seus concidadãos como bois num rebanho em troca de migalhas - acham que fazem um grande serviço público, como autênticos representantes da comunidade. O pior idiota é o que idiotiza os outros.

Viva a democracia
Celebrada no dia 07 de setembro, num desfile instituído pela ditadura militar. Dia em que o cidadão simples pode desfilar, orgulhoso, ao lado das forças repressoras do estado, que lhe desce o cassetete no dia 06 e no dia 08 de setembro e lhe chama de “vagabundo”.

Viva a democracia,
Porque depois dela o que se chamava tirania perdeu todo o significado.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Aos que nos ajudam na busca do nosso próprio Caminho


 
Epitácio Rodrigues

“Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não era miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo”.
Bertold Brecht

Quem escreve quase nunca se dá conta, mas um bom escritor é também um grande professor. Por isso, gostaria de escrever algo a partir do outro enfoque. Não mais da posição de quem “ensina”, mas de quem aprende. Escrevo como um aluno, pensando nos professores de milhões de brasileiros. Escrevo o sentimento de um grande número de jovens e adultos que ao ler certos escritos, ao beber das fontes dessa literatura, questionam outros discursos.
Os escritores são pessoas que, ao ousarem escrever, lançam-se ao público: seus sonhos, seus ideais, sua visão de mundo. Pessoa que, por seus escritos e suas idéias, tornam-se amados e odiados; através deles podem manter viva a utopia de um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano. Pregadores de uma utopia que grita para ser topia, de um sonho prenhe do desejo de ser real.
Em todos os seus escritos: literários, filosóficos, psicológicos e humanísticos, encontramos - cada leitor a seu modo - motivações para continuar apostando no poder transformador da base, na emergência de um pensar, de um crer, de um sonhar e de um fazer libertadores.
Aprendizes, isto é o que somos. Temos consciência de sermos considerados, não poucas vezes, meros números na estatística de vendas. Figuras abstratas, designadas genérica e impessoalmente, como “os leitores”. Pessoas que fazem nome do escritor permanecer no palco da mídia, da literatura; seja este o propósito primeiro do escritor ou não, ao produzir a sua obra.
O que o escritor não sabe é que apesar de nunca termos sentados em uma cadeira, numa sala confortável (o que é raro encontrar) para ouvi-los, todos nos consideramos seus alunos. Entendemos os seus escritos, e através deles criamos laços afetivos com seus autores. Usamos suas idéias para compreender o mundo que nos cerca. Achamos em suas palavras razões para acreditar em nós mesmos, no poder e agir solidários, apesar de toda a realidade tópica apontar-nos um mundo obscuro e sem grandes perspectivas. Sim senhores, acreditamos porque a maioria de nós, “os leitores”, não lemos os seus escritos como pesquisadores, caçadores de argumentos para reforçar ou dar mais pesos científico às teses acadêmicas. Não! Muitos de nós lemos os seus textos, antes de tudo, como caçadores de esperança.

domingo, 18 de setembro de 2011

Viva o Pais do Futebol, mas os brasileiros???

Epitácio Rodrigues

O Brasil é o país do futebol. Quem nunca ouviu essa frase bonitinha, dita para reforçar a velha política de pão e circo? O que eu não consigo entender é como um país pode direcionar seu governo para um evento que acontecerá em 2014 e deixar um turbilhão de questões sociais à margem da sua administração. Como um país pode destinar uma previsão orçamentária de 17, 52 bilhões de reais para obras de infraestrutura para o evento copa, isso equivale a 120% a mais que a África destinou para o mesmo evento, cerca de 7, 968 bilhões, para construção e reforma de estádio e infraestrutura para os turistas e argumentar que não tem dinheiro para investir na educação?
Não ignoro que a copa pode gerar empregos temporários para um bom número de trabalhadores, que os organizadores e analistas estimam que circulem pelas cidades que sediarão a copa no Brasil, em um mês, cerca de 500 mil turistas, o que, segundo afirmam, corresponde a 10% do total de turistas recebidos em um ano inteiro. Além de jornalistas, voluntários e convidados da FIFA.
O que não consigo entender é porque o governo ignore que, só neste ano de 2011, profissionais, servidores públicos de várias categorias, foram obrigados a entrar em greve, por falta de salário justo, carreira e condições adequadas de trabalho: Quem não lembra dos bombeiros que foram agredidos por policiais militares por reinivndicarem seus direitos; policiais civis, professores da rede federal, estadual e municipal em vários estados da federação. Para a copa, o Brasil tem mais de 17 bilhões destinados a arrumar a casa e ficar bem na fita. Mas para os brasileiros, servidores públicos, têm a força policial. O governador do estado do Ceará e seus impropérios e falta de educação contra os professores do estado; a greve de Minas, da Bahia, do Maranhão, só pra citar alguns casos. As doenças historicamente erradicadas, ressurgindo a todo vapor. Os números de casos de meningite que são pouco divulgados pelos meios de comunicação.
Já que no país do futebol, os brasileiros não têm espaço nem de gandula. Só resta dizer: “Viva o Brasil, país do futebol”, enquanto morrem os brasileiros.

Ensaio SOBRE A OPINIÃO

“Ah, como uma cabeça banal se parece com outra! Elas realmente foram todas moldadas na mesma forma! A cada uma delas ocorre a mesma ide...