Sociologia: 1º Ano


KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM

Vimos até agora que o pensamento sociológico, em seu desenvolvimento, abordou níveis diferentes da realidade. (...) o método positivista expôs ao pensamento humano a idéia de que uma sociedade é mais do que a soma de indivíduos, que há normas, instituições e valores estabelecidos que constituem o social. Weber, por sua vez, reorganizou os fatos sociais “à luz” da história e da subjetividade do agente social.
Agora falaremos de Karl Marx e do materialismo histórico, a corrente mais revolucionária do pensamento social nas conseqüências teóricas e na prática social que propõe. É também um dos pensamentos mais difíceis de compreender, explicar ou sintetizar, pois Marx produziu muito, suas idéias se desdobraram em várias correntes e foram incorporadas por inúmeros teóricos.
Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia. Sua intenção, porém, não era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social. Sua obra máxima, O Capital, destinava-se a todos os homens, não apenas aos estudiosos da economia, da política e da sociedade. este é um aspecto singular da teoria de Marx. Há um alcance mais amplo nas suas formulações, que adquiriram dimensões de ideal revolucionário e ação política efetiva. As contradições básicas da sociedade capitalista e as possibilidades de superação apontadas pela obra de Marx não puderam, pois, permanecer ignoradas pela sociologia.
Podemos apontar algumas influências básicas no desenvolvimento do pensamento de Marx. Em primeiro lugar, coloca-se a leitura critica da filosofia de Hegel, de quem Marx absorveu e aplicou, de modo peculiar, o método dialético. Também significativo foi seu contato com o pensamento socialista francês e inglês do século XIX, de Claude Henri de Rouvroy, ou conde de Saint-Simon (1771-1858), François-Charles Fourier (1772-1837) e Robert Owen(1771-1858). Marx destacava o pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa, mas reprovava o “utopismo” da suas propostas de mudança social. As três teorias desenvolvidas tinham como traço comum o desejo de impor de uma só vez uma transformação social total, implantando, assim, o império da razão e da justiça eterna. Nos três sistemas elaborados havia a eliminação do individualismo, da competição e da influência da propriedade privada. Tratava-se, por isso, de descobrir um sistema novo e perfeito de ordem social, vindo de fora, para implantá-lo na sociedade, por meio da propaganda e, sendo possível, com o exemplo, mediante experiências que servissem de modelo. Com esta formulação, os três desconsideravam a necessidade da luta política ente as classes sociais e o papel revolucionário do proletariado na realização dessa transição.
Finalmente, há toda a crítica da obra dos economistas clássicos ingleses, em particular Adam Smith e David Ricardo. Esse trabalho tomou a atenção de Marx até o final da vida e resultou na maior parte de sua obra teórica.
Essa trajetória é marcada pelo desenvolvimento de conceitos importantes como alienação, classes sociais, valor, mercadoria, trabalho, mais-valia, modo de produção. Vamos examiná-los a seguir.

3.1 a idéia de alienação
Marx desenvolve o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção – ferramentas, matéria-prima, terra e máquina -, que se tornaram propriedade privada do capitalista. Separava também, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é apropriado pelo capitalista. Essa é a base da alienação econômica do homem sob o capital.
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Com o desenvolvimento do capitalismo, a filosofia, por sua vez, também passou a criar representações do homem e da sociedade. Diz Marx que a divisão social do trabalho fez com que a filosofia se tornasse a atividade de um determinado grupo. Ela é, portanto, parcial e reflete o pensamento desse grupo. Essa parcialidade e o fato de quer o estado se torna legitimo a partir dessas reflexões parciais – como, por exemplo, o liberalismo – transformaram a filosofia em “filosofia do Estado”. Esse comportamento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também na alienação do homem.
Uma vez alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical só se efetiva na práxis, que é ação política consciente e transformadora.
Com base nesse principio, os marxistas vincularam a crítica da sociedade à ação política. Marx propôs não apenas um novo método de abordar e explicar a sociedade mas também um projeto para ação sobre ela.

3.2. As classes sociais
As idéias liberais consideravam os homens, por natureza, iguais política e juridicamente. Liberdade e justiça eram direitos inalienáveis de todo cidadão. Marx, por sua vez, proclama a inexistência de tal igualdade natural e observa que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que dividem os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As desigualdades são a base da formação das classes sociais.
As relações entre os homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade ente as classes sociais.
Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários – a burguesia – sobre a dos trabalhadores – o proletariado. Isso porque a posse dos meios de produção, sob a forma legal de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a sobrevivência, tenham de vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários.
Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em que os interesses de classe são inconciliáveis. O capitalista deseja preservar seu direito à propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho do operário, seja reduzindo os salários, seja ampliando a jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros.
Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois um só existe em relação à outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos cuja única propriedade é sua força de trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivência. As classes sociais são,pois, apesar de sua oposição e intrínseca, complementares e interdependentes.
A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

3.3. O salário
O operário, como vimos,é aquele indivíduo que, nada possuindo , é obrigado a sobreviver da venda de sua força de trabalho. No capitalismo, a força de trabalho se torna uma mercadoria, algo útil, que se pode comprar e vender. Surge assim um contrato entre capitalista e operário, mediante o qual o primeiro compra ou “aluga por um certo tempo” a força de trabalho e, em troca, paga ao operário uma quantia em dinheiro,o salário.
O salário e, assim, o valor da força de trabalho, considerada como mercadoria. Como a força de trabalho não é uma ”coisa”, mas uma capacidade, inseparável do corpo do operário, o salário deve corresponder à quantia que permita ao operário alimentar-se, vestir-se, em cuidar dos filhos, recuperar as energias e, assim, estar de volta ao serviço no dia seguinte. Em outras palavras, o salário deve garantir a reprodução das condições de subsistência do trabalhador e sua família.
O cálculo do salário depende do preço dos bens necessários à subsistência do trabalhador. O tipo de bens necessários depende, por sua vez, dos hábitos e costumes dos trabalhadores. Isso faz como que o salário varie de lugar para lugar. Além disso, o salário depende ainda da natureza do trabalho e da destreza e da habilidade do próprio trabalhador. No cálculo do salário de um operário qualificado deve-se computar o tempo que ele gastou com educação e treinamento para desenvolver suas capacidades.
3.4. Trabalho, valor e lucro
O capitalismo vê a força de trabalho como mercadoria, mas é claro que não se trata de uma mercadoria qualquer. Enquanto os produtos, ao serem usados, simplesmente se desgastam ou desaparecem, o uso da força de trabalho significa, ao contrário, criação de valor.(...) O trabalho, ao se exercer sobre  determinados objetos, provoca nestes uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem, diz Marx, contém em si um trabalho passado, “morto”, que só pode ser reanimado por ouro trabalho. Assim, por exemplo, um pedaço de couro animal curtido, uma faca e fios de linha são, todos, produtos do trabalho humano. deixados em si mesmos, são coisas mortas; utilizados para produzir um par de sapatos, renascem como meios de produção e se incorporam num novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor.
Os economistas ingleses já haviam postulado que o valor das mercadorias dependia do tempo de trabalho gasto na sua produção. Marx acrescentou que este tempo de trabalho se estabelecia em relação às habilidades individuais médias e às condições técnicas vigentes na sociedade. Por isso, dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção.
De modo geral, as mercadorias resultam da colaboração de várias habilidades profissionais distintas; por isso, seu valor incorpora todos  os tempos de trabalho específicos.por exemplo, o valor de um par de sapatos inclui não o tempo gasto para confecciona-lo, mas também o dos trabalhadores que curtiram o couro,produziram fios de linha, a máquina de costurar etc. o valor de todos esses trabalhos está embutido no preço que o capitalista paga ao adquirir essas matérias-primas e instrumentos, os quais, juntamente com a quantia paga a título de salário, serão incorporados ao valor de produto.
Imaginemos um capitalista interessado em produzir sapatos, utilizando para esse cálculo uma unidade de moeda qualquer. Pois bem, suponhamos que a produção de um par lhe custe 100 unidades de moeda de matéria-prima, mais 20 com o desgaste dos instrumentos, mais 30 de sal´rio diário pago a cada trabalhador. Essa soma – 150 unidades de moeda – representa sua despesa com investimentos. O valor do par de sapatos produzido nessas condições será a soma de todos os valores representados pelas diversas mercadorias que entraram na produção (matéria-prima, instrumentos, força de trabalho),o que totaliza também 150 unidades de moeda.
Sabemos que o capitalista produz para obter lucro, isto é, quer ganhar com seus produtos mais do que investiu. No exemplo acima, vemos, porém, que o valor de um produto corresponde exatamente ao que se investe para produzi-lo. Como então se obtém o lucro?
O capitalista poderia lucrar simplesmente aumentando o preço de venda do produto – por exemplo, cobrando 200 pelo par de sapatos. Mas o simples aumento de preços é um recurso transitório e com o tempo cria problemas. De um lado, uma mercadoria com preços elevados, ao sugerir possibilidades de ganho imediato, atrai novos capitalistas interessados em produzi-la. Com isso, porém, corre-se o risco de inundar o mercado com artigos semelhantes,m cujo preço fatalmente cairá. De outro lado, uma alta arbitrária no preço de uma mercadoria qualquer tende a provocar elevação generalizada nos demais preços,pois, nesse caso, todos os capitalistas desejarão ganhar mais com seus produtos. Isso pode ocorrer durante algum tempo, mas, se a disputa se prolongar, poderá levar o sistema econômico à desorganização.
Na verdade, de acordo com a análise de Marx, não é no âmbito da compra e da venda de mercadorias que se encontram as bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção.

3.5. A mais-valia
... Suponhamos que o operário tenha uma jornada diária de trabalho de nove horas e confeccione um par de sapatos a cada três horas. Nessas três horas, ele cria uma quantidade de valor correspondente ao seu salário, que é suficiente para obter o necessário à sua subsistência. Como o capitalista lhe paga o valor de um dia de força de trabalho, o restante do tempo, seis horas, o operário produz mais mercadorias, que geram um valor maior do que lhe foi pago na forma de salário. A duração da jornada de trabalho resulta,portanto, de um cálculo que leva em consideração o quanto interessa ao capitalista produzir para obter mais lucro sem desvalorizar seu produto.
Suponhamos uma jornada de nove horas, ao final da qual o sapateiro produza três pares de sapatos. Cada par continua valendo 150m unidades de moeda, mas  agora eles custa menos ao capitalista. É que, no cálculo do valor dos três paras, a quantia investida em meios de produção também foi multiplicada por três, mas a quantia relativa ao salário – correspondente a um dia de trabalho – permaneceu constante. Desse modo, o custo de cada par de sapatos se reduziu a 130 unidades.

Custo de um par de sapatos na jornada de trabalho de três horas
Meios de produção 120
salário 30

total: 150


Custo de uma par de sapatos na jornada de trabalho de nove horas
Meios de produção 120.3=360
+
salário 30
total: 390 : 3=130

Assim, ao final da jornada de trabalho, o operário recebe 30 unidades de moeda, ainda que seu trabalho tenha rendido o dobro ao capitalista: 20 unidades de moeda, em cada um dos três pares de sapatos produzidos. Esse valor a mais não retorna ao operário; incorpora-se no produto e é apropriado pelo capitalista.
Visualiza-se, portanto,  que uma coisa é o valor da força de trabalho, isto é, o salário, e outra é o quanto essa trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-valia.
O capitalista pode obter mais-valia procurando aumentar constantemente a jornada de trabalho(...). Essa é, segundo Marx, a mais-valia absoluta. É claro, porém, que a extensão indefinida da jornada de trabalho esbarra-nos limites físicos do trabalhador e na necessidade de controlar a própria quantidade de mercadorias que se produz.

3.6. Materialismo histórico
Para entender o capitalismo e explicar a natureza da organização econômica humana, Marx desenvolveu uma teoria abrangente e universal, que procura dar conta de toda e qualquer forma produtiva criada pelo homem em todo o tempo e lugar. Os princípios básicos dessa teoria estão expressos em seu método de análise – o materialismo histórico.
Marx parte do principio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo Marx, engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção.
As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. Qualquer processo de trabalho implica: determinados objetos, isto é, matérias-primas identificadas e extraídas da natureza; e determinados instrumentos, ou seja, o conjunto de forças naturais já transformadas e adaptadas pelo homem, como ferramentas ou máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica específica. O homem, principal elemento das forças produtivas, é o responsável por fazer a ligação entre a natureza e a técnica e os instrumentos. O desenvolvimento da produção vai determinar a combinação e o uso desses diversos elementos: recursos naturais, mão-de-obra disponível, instrumentos e técnicas produtivas. Essas combinações procuram atingir o máximo de produção em função do mercado existente. A cada forma de organização das forças produtivas corresponde uma determinada forma de relações de produção.
As relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Essas relações se referem às diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matérias-primas, os instrumentos e a técnica, os próprios trabalhadores e o produto final. Assim, as relações de produção podem ser, num determinado momento, cooperativistas (como num mutirão), escravistas (como na Antigüidade), servis (como na Europa feudal), ou capitalista (como na industria moderna).
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx determinou modo de produção.
Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais: os modelos de família, as leis, a religião, as idéias políticas, os valores sociais são aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do desenvolvimento e do colapso de diferentes modos de produção. Analisando a história, Marx identificou alguns modos de produção específicos: sistema comunal primitivo, modo de produção asiático, modo de produção antigo, modo de produção, modo de produção germânico, modo de produção feudal e modo de produção capitalista. Cada qual representa diferentes formas de organização da propriedade privada e da exploração do homem pelo homem.
Em cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relações de produção, cria contradições básicas com o desenvolvimento das forças produtivas. Essas contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a derrocada do modo de produção vigente e ascensão de outro.

3.7. A amplitude da contribuição de Marx
O sucesso a penetração do materialismo histórico, quer no campo da ciência – ciência política, econômica e social -, quer no campo da organização política, se deve ao universalismo de seus princípios e ao caráter totalizador que imprimiu à suas idéias.
Além desse universalismo da teoria marxista – mérito que a diferencia de todas as teorias subseqüentes – outras questões adquiriram nova dimensão com os princípios sustentados por Karl Marx. Um deles foi a objetividade científica, tão perseguida pelas ciências humanas. Para Marx, a questão da objetividade só se coloca enquanto consciência crítica. A ciência, assim como a cão política, só pode ser verdadeira e não ideológica se refletir uma situação de classe e, conseqüentemente, uma visão crítica d realidade. Assim, objetividade não é uma questão de método, mas de como o pensamento científico se insere no contexto das relações de produção e na história.
A idéia de uma sociedade “doente” ou “normal”, preocupação dos cientistas sociais positivistas, desaparece em Marx. Para ele a sociedade é constituída d relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Fenômenos como luta, conflito, revolução e exploração são constituintes dos diversos momentos históricos e não disfunções sociais.
A partir do conceito de movimento histórico proposto por Hegel, assim como do historicismo existente em Weber, Marx redimensiona o estudo da sociedade humana. suas idéias marcaram de maneira definitiva o pensamento científico e ação política dessa época, assim como das posteriores, formando duas diferentes maneiras de atuação sob a bandeira do marxismo. A primeira é abraçar o ideal comunista, de uma sociedade onde estão abolidas as classes sociais e a propriedade privada dos meios de produção. Outra é exercer a crítica à realidade social, procurando suas contradições, desvendando as relações de exploração e expropriação do homem pelo homem, de modo a entender o papel dessas relações no processo histórico.
Não é preciso afirmar a contribuição da teoria marxista para o desenvolvimento das ciências sociais. A abordagem do conflito, da dinâmica histórica, da relação entre consciência e realidade e da correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social foram conquistas jamais abandonada pelos sociólogos. Isso sem contar a habilidade com que o método marxista possibilita o constante deslocamento do geral para o particular, das leis macrossociais para suas manifestações históricas, do movimento estrutural da sociedade para a ação humana individual e coletiva. 
(Cristina Costa. Sociologia: introdução à ciência da sociedade [texto adaptado], 2ª ed. São Paulo: moderna, 1997, pp. 83-95)

Ensaio SOBRE A OPINIÃO

“Ah, como uma cabeça banal se parece com outra! Elas realmente foram todas moldadas na mesma forma! A cada uma delas ocorre a mesma ide...