domingo, 9 de outubro de 2011

MINHA PROFISSÃO? FILÓSOFO!




Epitácio Rodrigues

Nos últimos anos, com a obrigatoriedade do ensino da Filosofia em nível médio, começou também a surgir adolescentes interessados em conhecer melhor essa profissão e as possibilidades de ascensão profissional nesse campo específico do saber. Ademais, percebe-se uma popularização do termo, deixando de ser uma prerrogativa de quem escreve algo de original nesse campo, e passa ser quem tem uma formação acadêmica nessa área do saber.
Para sanar as dúvidas mais comuns, este texto apresenta as características mais gerais da profissão de filósofo, tendo como base a própria CBO do Ministério do Trabalho e Emprego e o Guia de Profissões.
O que seria um filósofo? De acordo com a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) instituída no dia 09 de outubro de 2002, portaria n º 397, os filósofos (código do CBO 2514-05), são descritos como profissionais que “refletem crítica e sistematicamente sobre o ser e o destino do homem e do mundo, por meio da assimilação dos clássicos do pensamento e da realização de pesquisas sobre temas filosóficos, tais como ética, epistemologia, estética, ontologia, metafísica, política, lógica, cultura etc., com a finalidade de formar e orientar pessoas e assessorar organizações.” O mesmo órgão fala de condições gerais de exercício: “Atuam, principalmente, em atividades culturais, editoriais, educacionais, de pesquisa, de recursos humanos e em organismos afins, podendo exercer mais de uma ocupação. É comum, como professor e pesquisador. Nesses casos, são classificados pela atividade predominante. Trabalham em ambientes fechados, de forma individual, podendo, ocasionalmente, formar equipes. É comum, terem seus trabalhos divulgados através de livros, revistas, jornais e outros meios.”
A formação ocorre em Universidades e/ou Faculdades com o superior em Filosofia. No que se refere à atuação no mercado de trabalho, o filósofo pode atuar na carreira acadêmica, como professor e pesquisador; nas áreas de consultoria de empresa e instituições não-governamentais, na elaboração de códigos ética profissional e/ou institucional, assessoria em partidos políticos e no jornalismo especializado e também como professor na educação básica.
Os desdobramentos da atuação, conforme o CBO, podem ser assim apresentados:
1. Refletir sobre o ser e o destino do homem e do mundo: refletir sobre a história da filosofia; analisar o processo simbólico e suas manifestações; analisar a arte, a obra de arte e a experiência estética; analisar a religião e suas diversas manifestações; refletir sobre o processo de criação e validação do conhecimento lógico e científico; analisar as descobertas científicas e seu impacto social, teórico e tecnológico; refletir sobre os valores éticos e morais; refletir sobre a política e relações de poder; refletir sobre as questões centrais do homem contemporâneo; refletir sobre a história e as transformações histórico-sociais.
2. Realizar pesquisa acadêmica: envolve desde a elaboração e viabilização de projeto de pesquisa, a metodologia de pesquisa, o levantamento bibliográfico e a consulta aos arquivos especializados; além de promover o debater teórico com seus pares e especialistas de outras áreas.
3. Pesquisar a história da filosofia e temas filosóficos: aqui envolve todo o processo hermenêutico e analítico da profissão, desde a leitura analítica de textos filosóficos e não-filosóficos; interpretar textos e a relação entre as idéias e seu contexto; promover debates e analisar crítica e comparativamente as tradições filosóficas.
4. Divulgar conhecimentos e resultados: elaborar relatórios e textos filosóficos, artigos de divulgação; proferir palestras e participar de debates em seminários, congressos, conferências e na mídia e em outros eventos culturais. Ministrar cursos sobre temas e questões filosóficas ou temas de outras áreas, numa abordagem filosófica.
5. Assessorar pessoas e organizações: Orientar pessoas e instituições e emitir pareceres; participar de bancas de concurso; assessorar organizações governamentais e não governamentais, entidades culturais e de ensino, a mídia, editoras, agências financiadoras de pesquisa. Faz parte da atuação também a participação em comissões de ética e bioética.
6. Coordenar atividades de caráter intelectual: coordenar grupos de estudo, equipes de pesquisa teórica, publicações. Organizar seminários, organizar colóquios, congressos e coordenar cursos.
A pessoa que se forma em filosofia, para ser um bom profissional, deve procurar desenvolver algumas competências pessoais: cognitivas, comunicativas e culturais. O que equivale a dizer: demonstrar capacidade de reflexão e especulação, cultivar atitude crítica e rigor metodológico; demonstrar capacidade de argumentação e capacidade didática. Ser capaz de expressar-se oralmente com fluência e também através da expressão escrita. Além disso, ter uma aptidão para leitura em nível especializado.
O filósofo deve tornar um hábito cotidiano o raciocínio analítico, o senso apurado de observação da realidade, a produção de pensamento conceitual ou abstrato, o senso da dúvida e do questionamento diante do mundo e das coisas.

Bibliografia:

Um comentário:

  1. Para um filósofo: Buscar a perfeição, sempre, pode ser um risco de consequências trágicas, talvez, e de dores eternas... Mas a quem responsabilizar por sermos o resultado de um herança genética, das experiências vividas, de como fomos vistos, ditos e mal ditos?

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