Neste
texto apresentamos alguns conceitos filosóficos extraídos do livro Filosofia, de autoria do filósofo
Antonio Joaquim do Severino e publicado pela Editora Cortez (2ª edição), publicado
em 2007. O nosso propósito é colocar ao alcance dos alunos do Ensino Médio e de
seus professores de Filosofia esses conceitos tão recorrentes na literatura
filosófica.
Alienação: estado do indivíduo que não mais
se pertence, que não mais detém o controle de si mesmo ou que se vê privado dos
seus direitos fundamentais, passando a ser considerado uma coisa; processo pelo
qual um ser se torna outro, distinto de si mesmo, ficando estranho a si mesmo,
perdendo-se ao projetar sua identidade em outro, fora de si; processo ou estado
de despossessão de si, vivida pelo sujeito humano, perda de sua própria essência
que é projetada em outro sujeito (p.139).
Antropocentrismo: posição filosófica que afirma a
prioridade do homem, enquanto ocupando lugar central e fundamental na ordem da
existência real. O ser mais importante de toda a realidade sendo o homem,
devendo ocupar então também o centro de referência de toda explicação
filosófica. (p. 76- Adaptado)
Conhecimento: é a relação estabelecida entre
sujeito e objeto, na qual o sujeito apreende informações a respeito do objeto. É
a atividade do psiquismo humano que torna presente à sensibilidade ou à
inteligência um determinado conteúdo, seja ele do campo empírico ou do próprio
campo ideal. (p. 38)
Contradição: oposição entre dois polos incompatíveis,
um afirmando, outro negando, ao mesmo tempo, algo de uma mesma coisa. Conflito
real e histórico, luta de forças que se contrapõem no interior do real e do
pensamento, toda situação/afirmação aparecendo apenas como um momento
provisório que deve ser necessariamente negado para superado. (p.139).
Cosmocentrismo: posição filosófica que afirma a
prioridade do mundo natural, enquanto ocupando lugar central e fundamental na
ordem da existência real. Sendo a natureza ou mundo o ser mais importante de
toda a realidade, devendo ocupar então também o centro de referência de toda
explicação filosófica. (p. 76- Adaptado)
Cosmovisão: trata-se do conjunto de
concepções, intuitivas e espontâneas, de acordo com as quais uma pessoa ou um
grupo social pensam a sua própria realidade, a sua época e a sua existência em
geral. É o conjunto mais ou menos articulado das ideias presentes e vigentes
numa determinada sociedade ou implícitas numa teoria sistematizada. (p. 53).
Cultura: do ponto de vista antropológico,
e por oposição à natureza, a cultura é o conjunto dos produtos, das
representações e dos procedimentos postos pelos homens enquanto seres sociais. Tudo
aquilo que não é posto como mero resultado da ação mecânica da natureza,
portanto, tudo aquilo que passa por uma impregnação de algum tipo de
intervenção humana.
Daí
significar também o processo global dinâmico pelo qual esses elementos que a
constituem se inter-relacionam e são apropriados, pelas vias da educação e das
demais formas de comunicação, pelos indivíduos que compõem a sociedade.
Num
plano ainda mais abrangente, a cultura significa essa dimensão mais espiritual
da vida social ou individual e que é constituída por processos subjetivos de
simbolização, de imaginação e de sensibilidade. (p. 185).
Dedução: procedimento lógico, raciocínio,
pelo qual se pode tirar de uma ou de várias proposições (premissas) uma
conclusão que delas decorre por força puramente lógica.a conclusão segue-se
necessariamente da premissas. (p.126).
Determinismo universal: princípio segundo o qual todos
os fenômenos da natureza são rigidamente determinados e interligados entre si,
de acordo com leis que expressam relações causais constantes. (p.126).
Dialética: processo de superação da
contradição: movimento do real por cuja dinâmica interna um dado elemento é
negado pelo seu contrário que, por sua vez, é também negado e superado por um
novo elemento, numa sequencia permanente de afirmação, negação e superação; método
de pensamento adequado para o entendimento desse processo. (p.139).
Empirismo: teoria epistemológica que afirma
a radical derivação, direta ou indireta, de todo conhecimento da experiência sensível,
seja ela interna ou externa. (p. 108).
Epistemologia: área da filosofia que estuda a
questão do conhecimento humano, tendo assumido dois sentidos na tradição
filosófica ocidental. Um sentido geral: estudo descritivo e crítico dos
processos gerais do conhecimento, tendo por sinônimos gnoseologia, teoria do
conhecimento; e um sentido mais restrito: estudo descritivo e critico do conhecimento
cientifico em particular. Só o contexto de seu uso no texto poderá esclarecer
em que sentido o termo está sendo tomado (p. 38).
Escolástica: no seu sentido histórico, é a
escola filosófica constituída na Idade Média, nas escolas eclesiásticas e nas
universidades europeias da época. Com conteúdo formado pela síntese das doutrinas
platônico-aristotélicas com as doutrinas cristãs, caracteriza-se pelo
desenvolvimento de uma metodologia de pensamento e por uma pedagogia fundadas
na lógica formal de Aristóteles. O seu caráter formalista, repetitivo,
verbalista e a sua tendência ao dogmatismo acabaram por dar ao termo um sentido
pejorativo. (p. 53).
Essência: é o núcleo básico, conjunto de
características que fazem com que uma coisa seja o que ela é; é o que define e
especifica a natureza dessa coisa. A essência de um ser é aquilo que é
fundamental e imprescindível para que ele seja o que é, em sua especificidade e
identidade, distinto de outros seres (p. 76).
Estética: área da filosofia encarregada de
estudo da sensação, abordando a experiência vivida nas várias formas de
sensibilidade, levando em conta a agradabilidade provocada no sujeito. Daí se
relacionar diretamente com a arte enquanto forma de expressão criativa do belo.
(p. 186).
Ética: é a área da filosofia que
investiga os problemas colocados pelo agir humano enquanto relacionado com
valores morais. Busca assim discutir e fundamentar os juízos de valor a que se
referem as ações quando neles fundam seus objetivos, critérios e fins.
E
bom atentar para o fato de que em nosso meio, muitas vezes, os termos ética e
moral são tomados como sinônimos, tanto para designar as prescrições vigentes
como para designar a disciplina que estuda os valores implicados na ação. Só o
contexto pode dizer em que sentido os termos estão sendo usados. (p. 196).
Fenômeno: no vocabulário científico, é toa
manifestação dos corpos naturais, é o fato observável; na filosofia de Kant, é
o objeto da experiência do conhecimento enquanto síntese de impressões
sensíveis e das formas a priori do
entendimento. (p.107).
Filosofia política: área da filosofia que analisa as
relações entre indivíduos e sociedade, as formas de expressão e exercício do
poder, os sistemas de governo, a natureza e a fundamentação da atividade
política. (p. 168).
Hipótese: proposição explicativa
provisória d relações entre fenômenos, a ser comprovada ou infirmada pela
experimentação. Se confirmada, transforma-se na lei. (p.126).
Ideologia: é igualmente um conjunto de
representações, ideias, conceitos e valores, mediante os quais as pessoas ou
grupos acreditam estar conhecendo e avaliando todos os aspectos da realidade. O
caráter ideológico dessas representações vem do fato de que elas atuam
mascarando, no plano subjetivo, o significado real objetivo desses aspectos, e
isso em função de interesses de pessoas ou grupos particulares, que pretendem
impor algum tipo de dominação. Nesse sentido, a ideologia é um falseamento da
consciência, camuflando a objetividade das situações reais. Como toda produção
da consciência, também a cosmovisão envolve elementos ideológicos, funcionando
ideologicamente (p. 53).
Iluminismo: concepção filosófica de acordo
cm a qual o conhecimento se Sá em função das luzes da razão e que só o
conhecimento racional crítico e a cientificidade emancipa o homem da
superstição e do dogma, promovendo seu progresso em todos os campos. Por extensão,
é todo movimento político, literário ou cultural que se apoia nessa visão. (p.
108).
Inatismo: concepção epistemológica de
acordo com a qual algumas ideias são inatas, ou seja, não dependem de nenhuma
experiência anterior, surgindo com a própria estruturação da consciência. (p.
107).
Indução: procedimento lógico pelo qual se
passa de alguns fatos particulares a um princípio geral. Trata-se de um
processo de generalização, fundado no pressuposto filosófico do determinismo
universal. Pela indução, estabelece-se uma lei geral a partir da repetição
constatada de regularidades em vários casos particulares; da observação de
reiteradas incidências de uma determinada regularidade, conclui-se pela sua
ocorrência em todos os casos possíveis. (p.126).
Lei científica: enunciado de uma relação causal
constante entre fenômenos ou elementos de um fenômeno. Relações necessárias,
naturais e invariáveis. Fórmula geral que sintetiza um conjunto de fatos
naturais, expressando uma relação funcional constante entre variáveis. (p.126).
Liberalismo: posição político-filosófica que
considera a liberdade individual como o principio fundamental e o valor máximo
da existência humana, contrapondo-se a todo e qualquer poder de intervenção que
limite essa liberdade e cerceie a iniciativa dos indivíduos – de modo especial,
o poder do Estado. (p.169).
Mito: em seu sentido original, é
narrativa lendária desenvolvida pelas tradições culturais que procura explicar
a origem do mundo e da humanidade, recorrendo a entidades e forças
sobrenaturais, divinas e misteriosas; por derivação, pode significar crença sem
fundamento, sem base, apesar de bem aceita no âmbito de determinada cultura (o
mito da superioridade racial dos brancos), ou, então, uma narrativa alegórica,
objetivando apenas passar uma representação simbólica (p.76).
Moral: é o conjunto de prescrições
vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para
a orientação do agir de todos os membros dessa sociedade.
A
ação humana, do ponto de vista moral, é fundada me valores, ou seja, princípios expressos mediante juízos apreciativos
que são vivenciados por uma sensibilidade da consciência subjetiva dos
indivíduos e que são concretizados objetivamente em normas práticas de ação e
em costumes culturais no seio das sociedades. (p. 195-196).
Númeno: conceito Kantiano que designa a
essência, a coisa em si, independente de qualquer relação a um sujeito (p.
107).
Objetividade: é a condição e o modo de ser do
objeto, entendido como o dado que fornece informações à mente, à consciência do
sujeito na relação de conhecimento e de outras formas de sensibilidade. (p. 38)
Postulado: proposição nem evidente nem
demonstrável que deve ser aceita como válida para a sustentação de um
raciocínio ou de um sistema teórico (p.108)
Poder político: capacidade e exercício de
domínio de pessoas ou grupos sobre outros, num contexto de relações sociais,
com força de determinação de suas vontades e ações. (p. 168).
Racionalidade: característica daquilo que se
refere à razão. Considera-se como razão a consciência subjetiva enquanto
procede logicamente, estabelecendo nexos dotados de coerência lógica entre os
vários objetos de sua apreensão. Com isso, distingue-se a atitude racional da
consciência subjetiva de outras suas formas de manifestação, tais como a
atitude emocional, a atitude imaginativa, a atitude afetiva, a atitude
religiosa, a atitude estética etc., que são todas atitudes subjetivas sem
serem, no entanto, atitudes lógico-racionais. (p. 38-39).
Racionalismo: posição filosófica que considera
que só a razão natural é condição necessária e suficiente, bem como fundamento
de todo conhecimento (p. 108).
Religião: sistema
de crenças em divindades sobrenaturais articulado a um conjunto de normas de
ação, de atitudes práticas, de comportamentos pessoais, de celebrações rituais
e de institucionalizações sociais que visam estabelecer um tipo de
relacionamento entre o natural e o sobrenatural, relacionamento que propicie
uma garantia de salvação divina para os homens. (p. 76)
Símbolo: é o signo onde a relação
significante/significado já não é totalmente arbitrária, uma vez que decorre de
uma analogia real ou suposta, aproveitando-se de unidades previamente
significativas. Exemplo: a balança como símbolo da justiça, o cão como símbolo
da lealdade, a bandeira como símbolo do país. (p. 185).
Significado: é a parte imaterial do signo, a
parte inteligível, o conteúdo ideal, o conceito. (p. 185).
Significante: é a parte materializada do
signo, a parte perceptível, imagem acústica. (p. 185).
Signo: é todo elemento que representa e
substitui um objeto enquanto apreensível por um sujeito; é uma entidade formada
de um aspecto físico ou significante e de um aspecto inteligível ou
significado. Assim, no caso do signo, a relação significante/significado é
estabelecida arbitrária e convencionalmente. (p. 185).
Sinal: é um fato físico ligado a outro
fato físico por uma relação natural ou convencional: nuvem negra é sinal de
chuva, batida de sino é sinal de missa. O sinal é percebido como impressão
sensorial, relaciona duas sensações. É indicativo, tem função sensório-motor,
ao passo que o símbolo tem função meramente representativa. (p. 185).
Sistema: conjunto organizado cujas partes
são interdependentes, obedecendo a um único princípio, entendido este como uma
lei absolutamente geral, uma proposição fundamental. (p.126).
Subjetividade (e seus correlatos: sujeito,
subjetivo): é a condição daquilo que se refere à consciência enquanto polo que
recebe as informações sobre os objetos nas relações que constituem as experiências
dos homens frente aos vários aspectos da realidade. É a condição e o modo de
atuação do sujeito, entendido este como a esfera mental do homem enquanto polo que
recebe e apreende as informações referentes aos objetos na relação do
conhecimento e das demais formas de sensibilidade. (p. 38)
Subjetivismo: posição filosófica que
privilegia a contribuição e a participação da subjetividade no processo do
conhecimento (p.107).
Tecnocracia: sistema de organização política e
social que se apoia apenas em procedimentos técnico-racionais, levando em conta
tão-somente os critérios de funcionalidade, de eficiência e de produtividade,
desconsiderando-se critérios éticos e sociais. (p.169).
Teocentrismo: posição filosófica que afirma a
prioridade de Deus, enquanto ocupando lugar central e fundamental na ordem da
existência real. O ser mais importante de toda a realidade sendo Deus, devendo
ocupar então também o centro de referência de toda explicação filosófica. (p.
76- Adaptado)
Teoria: conjunto de concepções,
sistematicamente organizadas; síntese geral que se propõe explicar um conjunto
de fatos cujos subconjuntos foram explicados pelas leis. (p.126)
Variável: é todo fato ou fenômeno que se
encontra numa relação com outros fatos, enquanto submetido a um processo de
variação, qualquer que seja o tipo de variação com relação a alguma propriedade
ou grau, a variação de um fato se correlacionando com a variação do outro. Exemplo:
o calor dilatando o metal (p.126).
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